quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

introdução / mini capitulo ♡

'' As pessoas que não nos conhecem acham que nossa vida é como um conto de fadas. Que não passamos por problemas e que devemos estar sempre feliz... Desculpa, mas eu não sou essa pessoa. ''

Anne Suzanno Guedes, 20 anos (05 de Abril). Sou uma pessoa legal, só que não acham isso. Eu gosto de mim, e gosto também do modo que eu sou, só não sei porque não gostam de mim... Meu irmão diz que sou normal, e que todos os seus amigos me acham linda, mas fala sério! Sou ridícula, não tem nada em mim que presta. Fora o desastre que minha família é, ainda sim, amo meu irmão e ainda estou viva por ele, Rennan é minha vida e o único que me faz pensar melhor antes de fazer o que não devo.

Meu pai é alcoólatra, mas a culpa é da minha mãe, tudo que acontece de ruim é culpa dela, meu irmão anda com gente viciada por culpa dela, ele achou alguém que se importasse com ele na rua, e eu... Eu me mutilo porque Cláudia -a que diz ser minha mãe- me culpa de tudo, até do que nunca "toquei e quebrou". 
Moro no Rio de Janeiro - Botafogo, tenho uma condição de se manter, nunca faltou nada, mas não é de esbanjar. Não tenho redes sociais, só uso meu celular mesmo para fazer ligações.

Seja bem vindo a minha vida, espero que consiga permanecer nela! Ela é complicada, eu sei, mas pode mudar, talvez com algumas amizades loucas por aí.



casa
frente da casa ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

A minha vida sempre começou com uma tragédia aqui, e outra tragédia ali, mas nada que eu achasse que pudesse aguentar, eu aguentaria muito e tudo pelo meu irmão. Rennan é meu porto seguro, com ele aguento tudo, e por ele também.

Rennan: Olha só, Anne. Eu vou dar uma saída aí, valeu? -ele me despertou de meus pensamentos e assenti, não dando tanta ideia. Me acomodei na cama e voltei aos meus pensamentos inúteis. 
Depois de quase dormir, acordei no susto. Se eu não arrumasse a casa, Claudia me enforcaria viva, fora que para eu sobreviver, quem faz a comida sou eu, mesmo que seja apenas para mim. Mas, não sou tão má assim, né. Quando terminei a casa, meu pai, Ivan, chegou muito bêbado. Bem, ele não conseguia dizer nada com nada, achei melhor parar de fazer perguntas. Dei um banho gelado nele, que despertou um pouco. Rennan chegou logo depois do banho, isso sim, foi sacanagem, ele poderia ter chegado antes, assim dava a pior parte, que é o banho, pra ele. Coloquei meu pai sentado, encostado na mesa, fiz um café pra ele, enquanto Rennan tomava seu banho. Meu pai tomou seu café todo e foi dormir um pouco, disse que acordava para o jantar. Limpei o banheiro, para não ter nenhuma desculpa para uma confusão com a Claudia, já sabendo que ela arruma por qual quer coisa. Quando ela chegou, o Rennan estava jogado no sofá, com a cabeça no meu colo, enquanto eu, apenas fazia carinho. A gente assistia um filme que eu nem estava prestando atenção. Eu definitivamente sou apaixonada pelo meu irmão. Ele deveria ser meu filho, já que nossa mãe não nos trata como filhos. Bem, eu já tento fazer o papel dela, então-
Claudia: O que estão fazendo aqui? Afinal Rennan, vai fazer alguma coisa que preste, estudar por exemplo -vishh, já começamos mal-
Rennan: Como é que é ? Você acha que é quem pra falar alguma coisa, Claudia? -ela a interrompeu-
Claudia: Sua mãe, sou sua mãe, e é melhor você abaixar seu tom de voz agora, se não -foi a minha vez de a interromper-
Anne: Chega, né? -ela me olhou e eu já sabia que vinha um discurso bonito pela frente-
Claudia: Chega? Olha que eu nem comecei contigo. Sabe Anne, quando você nasceu, achei que viesse coisa melhor, já não te disse isso? -ela me olhava com deboche. Eu queria dizer que sim, mas eu não conseguia, não conseguia me defender dela e de todas as suas barbaridades- Você é um lixo, garota. Um completo lixo. Não serve pra nada, uma completa ridícula que não tem aonde cair morta -ela ia continuar mas me levantei, queria sair dali. Eu ia fazer aquilo, precisava fazer aquilo- ei, ei, ei, volta aqui
Rennan: deixa ela -ainda os escutei falar. Bati a porta. A tranquei logo após. Eu sabia que o Rennan já se tocaria no que eu iria começar a fazer, ou não, ele deveria estar ocupado demais ouvindo a nossa "mãe". Eu esta cansada disso. Eu precisava me cortar. Precisava de um alívio. Mais do que tudo, precisava me mutilar. Onde quer que fosse, mas eu iria fazer isso comigo mesma. Na hora pensei em todos que me querem ver bem, mas quem me quer ver feliz mesmo? Comecei nos pulsos, é... Meu dia começou mal, e pelo jeito, só vai de mal a pior. Mas quem liga ? Fiz tantos cortes, já nem me lembrava, só sei que meu celular começou a apitar, eu estava no chão, com sangue escorrendo pelos pulsos. 
Era hora de limpar toda aquela sujeira. Já era quatro e meia da manhã. Hora de trabalhar! pelo menos, algumas horinhas do dia para me ver livre de todo esse pesadelo que chamo de vida.

[...]

Trabalhei a manhã inteiraaaa. Já não me aguentava. Como não peguei horário de almoço, saí mais cedo. Não me importo para almoçar, pra que comer, se já quero morrer ? Dei umas olhadas pelo calçadão, em algumas roupas, mas nada de interessante. O ano novo é daqui a dias e eu não tenho nada vezes nada, achei até que não iria conseguir virar esse ano, é incrível isso.